Riscos das Máscaras Caseiras.
25 jul 2024
Na verdade, estamos falando não apenas de máscaras faciais, mas também de esfoliantes, shampoos e cremes de todo tipo.
No entanto, fazer produtos de cuidado com a pele em casa envolve alguns riscos, além de uma probabilidade bastante alta de frustração por não alcançar os efeitos desejados. Por outro lado, os possíveis benefícios não se comparam aos benefícios e garantias que obtemos ao adquirir um cosmético já preparado.
“Que algo seja natural não significa que necessariamente seja melhor”, explica Paula Jaén, farmacêutica e diretora da Belleza y Bienestar by Grupo Pedro Jaén. “Além disso, em cosmética, não podemos aplicar o mesmo princípio que se aplica à alimentação, segundo o qual a comida que preparamos em casa será geralmente mais saudável do que a processada, porque, na área cosmética, a verdade é que acontece exatamente o contrário”, resume.
Segundo nossa diretora, a cosmética desenvolvida em laboratórios tem por trás pesquisa, estudo, testes de alergia e sensibilidade e até ensaios clínicos de certa envergadura, que não são comparáveis à intuição e ao voluntarismo que sustentam as máscaras naturais feitas em casa.
Benefícios Não Comprovados
Duas fatias de pepino sobre os olhos. Essa é talvez a imagem mais típica que vem à mente quando pensamos em cosmética caseira. Supostamente, repetir esse gesto três ou quatro vezes por semana durante 20 minutos cada vez ajuda a rejuvenescer a área dos olhos, hidratar a pele e reduzir bolsas e olheiras. Tudo em um.
No entanto, especialistas em dermocosmética discordam. Usando o mesmo exemplo, explicam que não se pode obter tais benefícios apenas colocando dois pedaços de pepino sobre o rosto. Da mesma forma, não se consegue um verdadeiro efeito rejuvenescedor com uma máscara de clara de ovo, eliminar a celulite esfregando-se com borra de café ou remover manchas com suco de limão.
Quando você faz cosméticos em casa, não controla a dose, nem a concentração, nem a pureza do suposto princípio ativo. “Muitas frutas, para dar um exemplo comum, contêm ácidos que são muito irritantes ou até alérgenos que podem provocar reações adversas se aplicados diretamente na pele; todos esses fatores são considerados ao desenvolver um cosmético. Além disso, os agentes potencialmente agressivos para a epiderme são eliminados ou purificados durante o processo de fabricação em laboratório”, lembra Paula Jaén.
Além disso, em um ambiente doméstico, também não se manuseiam corretamente os excipientes e aditivos que são adicionados aos cosméticos de laboratório para torná-los mais estáveis, evitar que se oxidem e percam eficácia ou causem manchas... “Há tantas diferenças em termos de segurança e qualidade que a comparação é bastante chocante”, reflete nossa especialista.
Riscos Potenciais
Com tudo isso, o pior que pode acontecer não é tanto o fato de o produto caseiro não ter o efeito para o qual supostamente foi feito, mas sim que ele cause um problema. Os dermatologistas já tiveram que alertar sobre os riscos de uma moda que teve seu auge há poucos anos: o No Poo (abreviação de No Shampoo), que nada mais é do que dispensar o shampoo e lavar o cabelo com uma mistura de água, bicarbonato e vinagre.
Esse preparo caseiro não só descolora e estraga o cabelo devido ao bicarbonato, tornando-o seco, quebradiço e crespo, como também pode causar infecções e irritar o couro cabeludo, já que tem um pH mais alcalino, assim como o vinagre. Essa irritação do couro cabeludo geralmente resulta em uma superprodução de gordura, além de agravar condições como dermatite seborreica e psoríase.
Irritações e alergias são as reações adversas mais frequentes ao usar cosméticos caseiros, mas também podemos encontrar manchas e abrasões. É o caso das máscaras esfoliantes feitas com açúcar ou sal, já que esses produtos são, na verdade, microcristais com bordas que podem lesionar a pele, especialmente em áreas delicadas como o contorno dos olhos, os cantos da boca ou as narinas.
Mesmo os esfoliantes comerciais feitos com produtos naturais como sementes, cascas de frutas ou bambu são escolhidos para que seus grânulos sejam esféricos e façam uma esfoliação mecânica sem agredir a pele.
“Se ponderarmos todos os riscos e calcularmos o que nos custaria corrigir esses problemas em termos de tempo, dinheiro, consultas ao dermatologista, medicação, tratamentos... o balanço se torna claramente desfavorável para a cosmética feita em casa, especialmente quando temos produtos comercializados de alta qualidade com um preço muito acessível”.
Interpretação Errônea
Muitas pessoas interessadas em cosmética caseira baseiam-se na lista de ingredientes dos produtos já manufaturados, pensando que replicar isso consiste apenas em misturar os ingredientes listados no rótulo. E não é bem assim. É importante lembrar que o fato de um elemento aparecer listado entre os ingredientes de um creme ou sérum não implica que ele esteja lá como princípio ativo.
“Por exemplo, o ácido cítrico muitas vezes é usado como aditivo para regular o pH do cosmético em quantidades muito pequenas e não como princípio ativo”, argumenta a diretora do nosso centro. Assim, adicionar suco de limão a uma máscara ou creme caseiro porque vimos em um cosmético à venda ou porque lemos que o limão tem um alto poder antioxidante pode causar irritação em peles muito sensíveis, e até mesmo favorecer o surgimento de manchas.
A Importância da Apresentação
Já se perguntou por que alguns cosméticos são mais fluidos e outros mais untuosos? Qual é a diferença entre um gel e um óleo? Por que alguns cosméticos vêm com uma espátula e outros com um conta-gotas?
Basicamente, cada cosmético é projetado para que o princípio ativo atinja seu objetivo e atue na camada adequada da pele. Para isso, deve-se considerar que se um ingrediente foi projetado para penetrar na epiderme, não pode ser formulado em uma apresentação muito densa, pois não penetrará adequadamente. Por outro lado, uma máscara destinada a permanecer por 15 minutos sobre a pele não faz sentido ser muito fluida.
Além disso, os princípios ativos devem estar corretamente encapsulados para cumprir sua função uma vez que cheguem ao local desejado. Esse processo de encapsulamento é complexo e, logicamente, não pode ser realizado em casa.
“Em um laboratório, além disso, os princípios ativos usados são purificados, isentos de agentes agressivos para a pele e testados para verificar sua segurança e eficácia, algo que não é garantido com os produtos que cada um faz em casa”.
E o Conselho Especializado?
Quando você adquire um cosmético formulado por um laboratório ou elaborado em uma farmácia como fórmula magistral, sempre há um profissional (técnico de cabine, farmacêutico, dermatologista…) que conhece não só as características do produto e suas indicações, mas também as necessidades da sua pele naquele momento.
Essas necessidades variam muito entre os pacientes e dependem de muitos fatores, como idade, presença de dermatoses, época do ano, tipo de pele, fatores hormonais, se é homem ou mulher, hábitos de vida que podem afetar a pele, como fumar ou se expor ao sol com frequência...
Assim, um profissional de dermocosmética não só pode recomendar o tratamento específico que melhor se adapta a você, mas também pode oferecer conselhos sobre aplicação, quais outros produtos combinar ou evitar, diretrizes de tratamento, doses adequadas...
“Quando você faz uma máscara em casa com base no que leu ou ouviu, você pula todo o processo de orientação cosmética e aconselhamento por um profissional, algo que às vezes é até mais valioso do que o produto em si”, explica Paula Jaén.
Tudo isso não significa que devemos negligenciar o cuidado com a pele em casa. Muito pelo contrário, os cuidados em casa contribuem para potencializar e prolongar os resultados dos tratamentos que aplicamos no centro. Para isso, o melhor é recorrer à cosmética formulada em laboratório e não saquear a despensa ou a geladeira.